Starflower

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Beats Under Constrution #03

Depois de Nightfusion e Unavoidable Djs, ambos os projectos numa vertente "house", as Casquilho Produções marcam presença em "beats under constrution" num registo Rap.

O Mypace continua a ser uma excelente forma de divulgar o trabalho, do mais anónimo até ao produtor mais consagrado, neste caso mais uma descoberta (e estão mesmo aqui ao lado...em Ílhavo) de um projecto ainda no seu início mas que merece aqui ser divulgado. Os Mc's "AM", "Bat", "Haka" e a cantora "Nege" acompanhados pelo beatboxer "Nisso" formam as Casquilho Produções desde 2005 Numa terra em que sempre existiram vários projectos musicais, este supreendeu-me quer pela vertente rap onde não existe uma cultura predominante hip-hop/rap, quer pelo seu lado peculiar e qualitativo que apresentam! No MySpace podem ouvir 3 temas, "devaneios", "tenho escrito" e "boas maneiras", para já, podem ficar com a entrevista que o Temperamental Soul fez com "Haka", Mc das Casquilho Produções.

Como é que surgiu este projecto? De maneira muito natural... Há quase dois anos e meio, conheci o Bat por acaso, porque estávamos no mesmo sítio e tínhamos amigos em comum, o que fez com que nos conhecessemos. Mais ou menos ao mesmo tempo, conheci também o AM, porque tínhamos algumas aulas juntos e fomos desenvolvendo uma amizade. Com o tempo, descobrimos o gosto em comum pelo Rap e comecámos a escrever e a gravar juntos, ainda sem o AM, nos primeiros meses. De início, eramos uma crew com algumas oito ou nove pessoas, chamada SL, que também se dedicava ao graffiti. Passados alguns meses, com a inclusão do beatboxer Nisso (que já era nosso amigo), surgiu a Casquilho, praticamente nos mesmos moldes de hoje em dia.

Quais são vossas principais referências? Isto pode parecer cliché, mas tentamos fazer uma cena própria, principalmente a nível de escrita. Acho que posso dizer que as nossas principais referências são o quotidiano, a vida no geral, as pessoas, porque é disso que nós falamos, sempre duma perspectiva própria, até camuflada, de modo a criar algo diferente. Não dá para explicar, só ouvindo. Claro que em termos de técnica, flow, somos sempre influenciados pelos artistas que mais ouvimos, mas não posso dar um nome específico, porque somos fruto de uma mistura muito grande (sempre com a preocupação de inovar e não imitar ninguém, claro).

Com quem tinham especial gosto em partilhar um estúdio? Quanto a mim, e acho que neste ponto posso falar por toda a Casquilho, adorava partilhar um estúdio com o Dj Premier, que considero ser o melhor produtor de sempre. A nível nacional, talvez com o Sam the Kid, que é o meu artista favorito em Portugal, desde que ouço Rap. De resto, estou satisfeito com as pessoas com quem partilho o estúdio. Acho que se tiver que surgir alguma colaboração com alguém exterior à Casquilho, que o melhor é que seja espontânea - assim é que tem piada e é que faz sentido.

Para a Casquilho Produções, o hip hop é tambem uma filosofia de vida? Em parte, sim. Não digo que seja uma filosofia de vida, mas acho que a complementa. Os meus ideais são sempre coincidentes com aquilo que o hip hop defende, quer tenham surgido devido ao seu papel na minha vida ou não. Claro que falo do verdadeiro hip hop, fiel à liberdade e à paz, por exemplo, e não do hip hop formatado que é contrário a tudo isso.

Como é que vês o estado actual do hip hop português? É bom ver que os nossos artistas mais conhecidos são exactamente alguns daqueles que mais contribuiram para o crescimento e consolidação do hip hop nacional, como o Boss Ac, por exemplo. Não acontece como noutros países, em que o grande público apenas gosta de gajos que nem sequer deviam ser considerados artistas. Também é bom ver que uma das músicas mais conhecidas e cantadas no ano de 2006 em Portugal foi a Brilhantes Diamantes, do Maze, um dos nossos melhores mc's, membro daquele que, para mim, é o melhor grupo de Rap a nível nacional, os Dealema. Digo o mesmo em relação ao Sam the Kid, ou ao Valete. Quando o reconhecimento público chega àqueles que o merecem verdadeiramente, não há grande problema, antes pelo contrário. Depois, é a lenga lenga do costume... Há programas de rádio (cada vez mais), sites, blogs, uma revista (ainda que on-line), ouvintes, amantes, praticantes... Do que eu conheço, há pessoal desconhecido que está pronto para rebentar a médio prazo, quer seja na produção, no mc'ing, no beatbox, etc. O futuro está assegurado. Posto isto, é óbvio que vejo o estado actual do hip hop português com bons olhos.

http://www.myspace.com/casqprod

3 comentários:

Anónimo disse...

ilhavo qualquer dia está para a música electrónica como berlim está para o techno mundial...

podiamos propor "ilhavo cidade gémea de berlim", não?

muitos parabéns!

Anónimo disse...

sempre a supreender!

gostei da "tenho escrito"

Anónimo disse...

"ilhavo cidade gémea de berlim"

???

alguem me explica isto?